sexta-feira, 26 de abril de 2013

Dois Papas e o preço vil do café


Por Marco Antonio Jacob

postado em 01/04/2013

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Modernizando as relações comerciais na exportação de café.



Estamos em pleno século XXI , vejam quantas evoluções, internet, skype, facebook, tablets, até dois Papas temos, o Papa Emérito e o Papa Francisco.



Então porque não modernizar as relações comerciais entre produtores e importadores?



Uma palavra em voga hoje, defendida por 101% do setor cafeeiro é a Sustentabilidade.



Baseado nesta Sustentabilidade, podemos afirmar que os oligopólios industriais não podem admitir que se compre a matéria prima abaixo do custo de produção , quis dizer que isto é inadmissível na cartilha da Sustentabilidade, milhares de produtores de países pobres , vendendo abaixo do custo de produção a matéria prima pelo qual as industrias dos países desenvolvidos vão agregar valor e vender aos seus consumidores, com um selinho bonitinho estampado “sustainable” na embalagem.



Então vamos a medidas inteligentes aqui no Brasil, já que somos o líder mundial de produção de café.



Primeiros passos:



Vamos contratar a FGV , Fundação Dom Cabral , PricewaterhouseCoopers, enfim, uma instituição com credibilidade, para apurar o custo de produção do café brasileiro, lembrando que serão levantados custos de produção separados para as duas espécies de café produzido no Brasil, café arábico e café conilon.



É necessário que estes "custos" deverão contemplar todos os custos, isto é, insumos, depreciações, custo de capital, custo de mão de obra e seus encargos legais, salário de gerenciamento dos produtores, impostos, contribuições, intempéries climáticas, seguros, fretes, embalagens, previdência etc., enfim, todos os custos, como fazem as industrias modernas nos países desenvolvidos.



Então teremos o custo ponderado (por regiões, mecanizado, de montanha, irrigado, de sequeiro; empresarial, familiar etc.) do café arábico brasileiro e do café conilon brasileiro, considerando a bienalidade de produção dos cafeeiros, então os custos serão calculados pela média de produtividade de 2 anos.



Uma coisa importante, estes custos serão abertos a todos os interessados, com maior transparência possível, inclusive se as certificadoras estrangeiras quiserem auditar, estarão prestando um favor ao setor cafeeiro mundial.



Encontrado o custo de produção, o segundo aspecto a ser levantado é o custo de exportação, a famosa “charge”, que também será calculada pela mesma instituição credenciada que apurou os custos de produção.



Estes custos de produção acrescidos da "charge" de exportação, serão atualizados quinzenalmente, assim encontraremos o custo do café brasileiro FOB atual, convertidos a taxa de cambio (Real X Dolar) média dos 15 dias anteriores , que será o Preço Referência de Exportação, para a quinzena seguinte.



Este Preço Referência de Exportação do café brasileiro será o preço mínimo permitido para exportação de café brasileiro, abaixo deste preço referencia, nenhum grão de café sairá do Brasil, isto é, não permitiremos a venda e transferência de estoques a preço vil.



No momento que os preços de mercado sejam próximos ao custo de produção, haverá linhas de credito para financiar a estocagem, seja os produtores, cooperativas, comerciantes, exportadores, industrias instaladas no Brasil etc.



As origens destas linhas de financiamento serão provenientes do FGTS, Recursos do Crédito Rural, e, das Reservas Internacionais do Brasil, que em 27 de março de 2013 atingiam o montante US$ 376,45 bilhões , então não vai faltar recursos para financiamento de estoques, se tivermos que estocar 100% da safra brasileira, recursos não faltarão.



Ao invés de financiarmos débitos públicos internacionais, vamos financiar o trabalho e produto dos cafeicultores brasileiros, afinal, estas reservas são da sociedade brasileira, que nós cafeicultores brasileiros fazemos parte, recordem-se quando o café garantia 90% da receita de exportações totais do Brasil.



Não se preocupem achando que o Brasil vai perder mercado, pois na produção de arábicos somos o País com um dos menores custos de produção mundial, então nosso “market share” permanecerá estável, simplesmente não vamos transferir estoques de café a preço vil, abaixo dos custos.



Tenho certeza que aparecerão vozes contrarias a esta ideia, talvez algumas com sotaques estrangeiro, dizendo que isto é ingerência no livre mercado, para este argumento respondo, a produção de café é uma concorrência perfeita (milhares de produtores), quando a importação é feita por enormes oligopólios.



Ou será que é justo, fundos financeiros, sem nenhuma atividade fim com a cafeicultura, estarem vendidos, pressionando as cotações do contrato de café em Nova York, exatamente 39.243 contratos, que equivalem a 11.124.981 de sacas, para os leigos neste mercado de café, a Colômbia, maior produtora mundial de "washed coffees ", este café que é o entregue na Bolsa de Nova York , exportou nos últimos 12 meses o total de 7.370.454 de sacas.



Bom, para aqueles que queiram minar esta ideia, usem seus argumentos, pois respeito o bom debate.



A lógica deste sistema está na Sustentabilidade, a mesma apregoada pelos industriais junto a seus consumidores.



Basta de hipocrisia, não vamos exportar sofrimento, os dois Papas garantem que é pecado, além de extrema burrice.



Dicionário Aulete

VIL

1. De pouco valor, que se compra por preço ínfimo (vil pedaço de terra)

2. Movido apenas por baixos interesses.: "...vil assassinato executado sob um pretexto qualquer." (Cecília Meireles, "Os donos da criança", Diário de Notícias, 05/08/1931))

3. Que tem muito pouco valor (salário vil); RELES; ORDINÁRIO; ABJETO

4. Pessoa desprezível, abjeta, infame.

[Pl.: vis]

[F.: Do lat. villis, e.]

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